segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

A espera

Um acerto não conserta uma vida de erros, mas aparentemente um erro pode acabar com todos os seus acertos, quem já passou por isso sabe do que estou falando, é o cansado que bateu, o álcool falou mais alto, e horas depois eu só queria desaparecer, ainda desejo isso do fundo do meu coração, se é que eu ainda tenho coração... A vontade de arrancar-lo de dentro de mim e sangrar até a morte é intensa. Quase incontrolável... Ah se eu não fosse tão covarde.
Há pessoas que morrem aos 15 anos, mas o corpo continua, segue em frente ignorando o que houve, esperando a vida se esvair de vez, e a morte como sempre nós ignora, há momentos que eu odeio o livre arbítrio, desculpa esfarrapada da religião para nós condenar ao inferno. Em que momento eu decidir viver? Eu sabia como era a vida? Eu queria saber. Eu queria entender o sentido disto tudo, se é que há algum sentido nisto tudo, a pobreza de espírito me consome, a riqueza de pensamentos me perturba, quem pensa muito sofre mais, trago fatos concretos, nós nem temos todo o tempo do mundo.
Ah se eu tivesse coragem, na árvore mais alta, o galho mais frondoso, a corda, o nó, o momento, e acabou. Mas nunca acaba, covarde sou. Em palavras me desfaço, outro devaneio de minha mente louca, em que curva da vida eu perdi minha razão? Em que esquina eu decidi ser assim? Apenas sou, e me arrependo de ser. Não existe isso de arrependimento ensinar a viver.
Dizem que o tempo cura, se há alguma verdade nisso eu não sei, mas a demora renova minha angústia, a ansiedade quebranta o que estou de minha alma, eu encaro meu espírito despedaçado pelo chão, eu desejo mais um cigarro, e lembro do momento que decidi parar de fumar, eu lembro de exemplos, é que exemplo eu deveria seguir? Eu lembro de tudo, lembro de tudo que eu queria esquecer.
Amigos são raros, os conto nos dedos da mão direita, inimigos eu vejo em toda parte, todos querem um pedaço, mas um pedaço de que se nada eu tenho? Meu sangue é caro demais, mas eu venderia cada gosta, o larbor de viver me enlouquece, mas hoje eu vou ver o sol nascer, quem dera fosse pela última vez, nós tiraram a opção de desistir, a culpa me consome, mas ouvi dizer que eu devo superar, tomar os remédios, dizem que tudo vai melhorar. Mas eles sabem o que dizem?
As vozes dizem para parar, um abismo, um salto, é um momento, e então a liberdade, há saberia em querer voar. Ícaro e suas asas, tão próximo ao sol, como uma mariposa em direção a chama, o despertar, o que me espera depois deste mundo? Eu já não aguento mais esperar.

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