quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Fobia de gente

-Desculpa, eu precisava ficar sozinho.
-Mas você já estava sozinho.
-Sim mas no seu mundo, eu precisava do meu mundo. Seu mundo é muito cheio, cheio de gente vazia, disso eu tenho fobia, me desculpe,  eu realmente precisava ficar sozinho.
E foi assim mais uma vez, saiu em meio a multidão, sumiu sem destino, procurando um caminhos que chegasse a algum lugar, todos os caminhos levam a algum lugar, mas nem todo lugar é bom para estar. Headfone no último volume, e ainda assim ouvia o som da multidão, cada qual em um mundo particular, insignificante em sua essência, tanta gente, mas tanta gente vazia! Balbuciando em bando, e ele em sua alcatéia de um lobo só.
Sentou - se no banco da praça, e ficou a esperar pela serena luz do luar, paz para a mente ou liberdade para a alma? Escolha um tanto quanto difícil tenho de admitir, o que é a morte? Dela nada conhecemos, seria um sopro, somente um momento e então, a solidão de uma cova rasa, uma lápide mal cuidada, de que importa? Quando tal dia chegar querida morte, não tarde espero eu, venha com sei vestido longo e seu riso mórbido, traga também a foice e alguns demônios, eu insisto, sei bem para onde vou, e vou em paz. Tanta gente, tantas pessoas vazias, e eu cheio, mas cheio de angústias, perguntas, e está maldita fobia. Um dia eu quis fazer parte deste mundo, isso foi a muito tempo atrás, tanto tempo que quase não me lembro mais. Morte querida, eu sei que sempre esteve lá, me observando, me estudando, mas nunca para me levar. Esta tudo errado e ninguém percebeu, morte querida, tudo seria diferente se toda esta gente abrisse seus olhos, a vida é uma leve brisa, que logo se acaba, e daqui?Nunca levamos nada.
Morte seria prosa ou poesia? Uma leve pitada de agonia, um tempero a mais, a velha fobia, morte querida, que capa linda está em suas costas, tuas vestes negras fazer parte da história, com esta mesma roupa foi buscar Shakespeare? O maior poeta de todos, por tal pessoa  tenho profunda admiração, boca calada e mente turbulenta, pouco a dizer é muito a ensinar, morte querida, não tarde em me buscar.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Tic tac

Tic tac, o relógio me disse
Tic tac, o tempo não para
Tic tac, a vida que vai
Tic tac, não fique pra tráz.

Tic tac, não tem mais fim
Tic tac, o que falta em mim?
Tic tac, cansei de existir,
Tic tac, me leva daqui?

Tic tac, quanto tempo passou?
Tic tac, até parece que foi ontem
Tic tac, mas tudo mudou.

Tic tac, deixar de pensar
Tic tac, deixa o tempo passar
Tic tac, deixa a vida acabar.

domingo, 25 de dezembro de 2016

Rascunho

Seria possível recomeçar? Pergunto - me dia após dia, e resposta para esta questão não há. E acontece que já estou cansado, tão cansado a ponto de minhas mãos estarem trêmulas, e a letra nesta folha branca de papel, tremida, quase impossível de ser lida. Em meu peito há uma angústia sem fim, um vazio enorme que toma conta de mim, um vazio que nada preenche, uma dor invisível, que remedio algum cura, uma dor que ninguém vê, somente eu a sinto, e é tão forte, a ponto de me enlouquecer, minha razão se esvai um pouco cada dia, e cada dia mais, porém a vida continua.
Digo isso para mim mesmo, todo dia, eu tenho que acreditar que é possível continuar, tenho que acreditar que isso é uma verdade, é que eu vou chegar a algum lugar, eu conheci a felicidade, mas foi por tão pouco tempo, e do seu gosto hoje, eu nem me lembro, vivo todos os dias aquele momento, aquela vontade de estar noutro lugar, mas é se realmente eu pudesse estar em outro lugar qualquer? Onde eu estaria?  Tenho que parar de fazer perguntas a mim mesmo, já que eu nunca encontro as respostas, tenho pensado tão somente em desistir.
Como se isso fosse realmente uma opção, acionar a saída de emergência, e ver aonde isso me levaria, é preciso coragem, e não sei se eu seria capaz, de fechar os olhos e descansar em paz, será que existe alguma razão para tudo isso? As respostas para minhas perguntas tem demorado muito a chegar, estou cansado de esperar, são dias difíceis, e eu já não sei como vencer.
Caminhar é preciso, seja qual for o caminho, no meu há somente pedras e espinhos, é muita dor. Eu preciso de outro caminho.
Há algo que me faz falta, eu só não sei o que é, há um caminho para mim, eu só ainda não o encontrei. E tenho tomado decisões erradas o tempo todo, esta na hora de começar a acertar. Um passo atrás seria um passo em vão, mas olhar o passado é preciso não é mesmo? Os erros passados não devem ser repetidos, nunca devemos repetir o mesmo erro.
Um passo de cada vez e um dia saio deste poço, gostaria apenas de ter alguém, para segurar minha mão e dizer que tudo vai ficar bem, mesmo sem convicção alguma, apenas por nos conceder esperança, as vezes precisamos de esperança. Tão somente para sorrir e continuar, um passo depois do outro. É possível vencer.
A vida poderia ser um filme, qualquer filme, com um final feliz, o mais improvável possível por favor. Faço questão, não sei o que fazer, juro que queria saber, juro que queria um caminho para seguir, eu juro, não quero desistir. Mas a saída de emergência está bem ali, pronta para ser acionada, junto com as marcas, as marcas de minha depressão.
Tão cansado para continuar e ainda assim eu prossigo, meu anjo da guarda deve estar mesmo muito orgulhoso de mim.
Um dia talvez ao acordar eu não. Queira mais me levantar, talvez eu queira dormir para sempre, quem poderia me culpar? Mas este dia... Não é hoje. Hoje eu vou lutar.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Recomeço sem fim

Eu sabia, sim, desde o começo eu sabia,
Mas foi então que o mundo girou,
E então pouco a pouco, a pergunta mudou
E a resposta? Hoje já não sei.

Levo em mim, a esperança
Mas um pouco dela morre a cada dia
Meus pés continuam a caminhar
Poucos metros a cada vez, devem continuar

O que segue junto a mim,
É solidão, e denso frio,
Dilacerando um pobre coração

Até minha sombra me deixaria
Até o céu, sobre minha cabeça cairia
Até a vida, de mim fugiria

Um dia esta tudo bem,
No outro, tudo diferente está
Mais um dia, e tudo logo acabará
Muitos dias se passaram, e nada...

A vida continua, como um forte rio,
E do fim? Não sei, mas sei que tudo tem um fim
E para cada fim um novo começo,
Acaba sendo, um recomeço sem fim.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Quando acabar

Decidi fechar os olhos, assim será melhor, viver em sonhos, nos mais belos sonhos, onde não há dor, tão pouco flechas de fogo, dilacerando minha bela, triste vida, digna de morte, com a maior dor que há.
Maior que a própria imensidão, o azul do mar, a dor de amar, chorar sem razão, perder-se na solidão, procurar em vão, tentando encontrar a luz, em meio a escuridão.
Na escuridão do sono, que agora me entrego, viver de sonhos, até que pesadelos se tornem, apenas por pensar, que... Que nunca terei você.
Até mesmo a lua, que amante de todos os amante é, para mim, tão bela já não é, a solidão que tão bem conheço, amiga de anos, machuca e fere como fogo, e durante meu pesado sono, eu imploro neste sonho: acorde-me quando tudo acabar, beije-me de leve, e diga que foi tudo um sonho, diga-me para não mais sonhar.
Será possível viver em meio às sombras, criadas por minha própria claridade, da luz que se foi, e do silêncio que chegou, calmo como o mar, triste e bucólico como amar.
Olhe em meus olhos, veja o que esconde-se por trás de minhas palavras, bata na porta deste frágil coração, e quem lhe responderá é a própria solidão, em um leve sussurro, murmúrio quase mudo "aqui, não há ninguém".
Não diga que não sabe o que fazer, não tente dizer, que não sabe o que dizer, dormirei ainda por algum tempo, enquanto flechas disparadas por minha amiga, a solidão, dilaceram minha pele, e aos poucos despedaçam meu coração, durmo, esperando sempre pela hora de acordar, e todos os diad voltar ao mesmo pesadelo, de sua boca não beijar, acorde-me quando tudo isso acabar, diga-me que tudo foi apenas um sonho mal, e diga também, para não mais sonhar.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Prazer, eu

Eu sou aquele tipo de cara, que as vezes se pega sozinho (mais sozinho ainda se é que é possivel), com lágrimas nos olhos após lembrar - se de um fato real, ou alguma cena de um filme triste. Aquele cara que ainda mantém a fé na humanidade, e que as coisas podem ser melhor para nós, eu sou aquele tipo de gente que está lá quando precisam, mas acaba ficando pra tráz no outro dia, eu sou assim, meio sei lá.
Muitas vezes calado, mas com milhões de pensamentos juntos em uma mente barulhenta, uma mente turbulenta, a tempestade está vindo, eu posso sentir, o frio em meus ossos, congelando meu coração, dominando minha alma, o lado escuro e mal de tudo que há, decidiu em mim habitar.
Aceito de bom grado este fardo, e carregarei em silêncio pelo resto dos meus dias, seja lá quantos dias ainda houver, é desumano carregar o peso do mundo todo em minhas costas, eu não sou um titã para esta missão, mas aceito de bom grado mesmo assim, avisem ao mundo, que este garoto, não vai desistir.
O tempo passou, e minhas lágrimas tem secado todas no chão, lágrimas que ninguém vê, e nos pulsos levo as marcas desta depressão. As cicatrizes vão bem fundo debaixo desta pele tatuada, bem mais fundo do que eu gostaria de admitir, sou este tipo de cara, que suporta calado o peso do mundo. Que segura as lágrimas em público, e que se tranca no quarto, se isolando do mundo.
Eu sou o tipo de pessoa que estende a mão a qualquer outrem que precise, não precisa nem pedir, e apenas sorria e me abrace para agradecer, as vezes tudo o que preciso é de um abraço.
Eu vi o final do mundo várias vezes, é como diz a canção, no outro dia tudo estava bem. Eu tenho esperança no futuro, para todos nós, basta que queira seguir ao meu lado, caso a resposta seja sim, me dê sua mão, e um leve sorriso, o mundo será melhor, se permita seguir, continuar, se for o caso recomecar, vou contigo pelo caminho, até o fim. E no fim acharemos motivos para... sermos felizes.